ICON_1.png

 

O OBIVIO ULULANTE - COMIDA DESNUDA

Mesmo frente as práticas comerciais de referência ambiental questionável, como o caso de embalar produtos “orgânicos”, e quaisquer produtos alimentícios frescos diga-se de passagem, sempre há uma resistência que anda na contramão do mercado e busca uma alternativa um pouco mais racional. Dentre tais iniciativas temos o conceito do Nude Food.

 

O Nude Food (comida nua – tradução livre) é uma campanha Neozelandesa que parte do conceito de que alimentos frescos como frutas, legumes e verduras já possuem proteção natural e dispensam embalagens principalmente de plásticos - em suas diversas manifestações - e isopor da prateleira do supermercado ao conforto da residência do consumidor. Sim, é obvio que alguns alimentos mais sensíveis e perecíveis, principalmente em nossas terras tropicais, precisem de um maior cuidado em seu manuseio e transporte, entretanto este pode ser menos impactante e gerar menos resíduo.

 

A campanha foca principalmente neste conceito, o de reduzir a quantidade de “coisas” que enviamos para o lixo, propondo por exemplo o uso de embalagens mais duráveis que possam ser reutilizadas como alternativa de transporte aos locais de venda e dos locais de venda a casa do consumidor. O governo australiano, que também aderiu a campanha, mantém um projeto chamado Wipe out Waste (acabe com o desperdício) onde há diversas informações, muito material de apoio, e dicas de ações e atividades que podem contribuir para a redução da geração e um resíduo desnecessário nos aterros.

 

“Food in the Nude” como é chamada, está inserido numa proposta elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente Neozelandês conhecida como Declaração de Embalagens Plásticas da Nova Zelândia. Esta declaração busca entre outras ações o comprometimento de empresas multinacionais e nacionais, independente do porte, de utilizar embalagens reutilizáveis, recicláveis ou biodegradáveis.

 

No Brasil também há sinais dessa crise de bom-senso, inspirada em uma campanha espanhola semelhante, e no desenvolvimento de “bioplásticos” por exemplo, inclusive com projeto desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

 

Na Tailandia um supermercado inovou no início de 2019 ao embalar produtos vegetais em folhas de bananeira na tentativa de evitar o uso de plásticos. Sim eles tinhas etiquetas de papel e por vezes fitas adesivas para segurar alguns produtos, mas já é um belo começo né.

 

Hoje tenho por hábito, e para o espanto dos feirantes e funcionários dos supermercados, insistir em utilizar as embalagens que levo comigo (sacos plásticos reutilizados na maioria das vezes), e de rejeitar embalagens desnecessárias durante as compras. Acostumado durante a infância a vender jornal velho na feira livre que era utilizado para embalar carnes e peixes (prática abolida pelas regras sanitárias atuais), sempre me pareceu óbvio não descartar potenciais embalagens e reutilizadas para fins diversos até seu derradeiro fim.

 

Ao que me parece, aos olhos dos expectadores, assumimos uma túnica de pobreza e sujeira ao tentar reaproveitar algo, tornando-se próspero é aquele que se dá ao luxo de desperdiçar, ou de não se preocupar com o fato.

 

Assim certas ações, obvias, são vistas com estranheza pela maioria das pessoas e com ojeriza por outras, colocando-as num patamar quase quixotesco. E se assim for, indiferente aos ausentes, me empoleiro no Rocinante e aguardo a companhia de Sancho para as cavalgadas habituais.

 


Mais informações sobre o projeto Wipe out Waste em:

http://www.wow.sa.gov.au/nude-food.html

 

e sobre a iniciativa tailandesa em:

https://mothership.sg/2019/03/thailand-grocery-shop-rimping-banana-leaves-packaging/?fbclid=IwAR2KYmreaHCeUTEXfCHMJ8a3ZpnqHkkEPLpmHVp5vLrUmR_R5L4787iq9Ks

http://www.rimping.com/

 

 

André Guilherme

(18/02 à 28/03/2019)

As opiniões expostas pelo autor refletem, necessariamente, a opinião deste website.

contato@andreguilherme.com

 

.